Novos Paradigmas da Arquivologia
A visão dos arquivos
como um local empoeirado
onde se guarda papel velho começa a mudar
e as organizações percebendo o valor da informação sentem a importância estratégica de manter ainformação
produzida e/ou recebida de
forma a poder recuperá-la em tempo hábil, quando delademandar.
A revolução nos paradigmas
da chamada “Sociedade da Informação”
traz para os profissionais de Arquivologia, anecessidade
de reflexão e mudança de eixo no que se refere às necessidades
do usuário da informaçãoarquivística.
Nesse contexto, os governantes
e os empresários brasileiros estão atentando
para a relevância de
inclusão em seus quadros de colaboradores,
profissionais formados especificamente
para o gerenciamento da informaçãoarquivística, cujo processo pode garantir
desde um espaço de informação, pesquisa,
estudo e cultura dentro doambiente organizacional,
como pode também subsidiar o processo
decisório como também conduzir a instituição
para a preservação de sua memória.
Além disso, esse processo, que podemos denominar
também de monitoramento interno de
informação, permite também disponibilizar ao
“usuário certo, no tempo certo, a informação certa”,
como dizia o pensador indiano
Ranganathan.
Esse movimento social,
portanto, tem instigado a Arquivologia a buscar mudanças
compatíveis com os novos paradigmas
informacionais, sendo assim,
ressalta-se que a imagem
social do arquivista como aquele
indivíduo “guardador de papel”, hoje pode e
deve ser alterada por um profissional, que sendo um bacharel
em Arquivologia, passa a atuar como um gestor do fluxo da informação arquivística, seja em arquivos
públicos ou privados.
Portanto, cresce a sua importância também
como mediador da informação,
que tem consciência da importância do
seu papel dentro da sociedade,
que se volta para o usuário, para suas
necessidades individuais, trazendo
com isso uma maior interatividade
entre o profissional prestador de serviços e
produtos de informação, com o cliente que usa a informação fins administrativos,
empresariais, históricos, culturais
e sociais.
O resultado
dessa tomada de consciência por
parte dos arquivistas
brasileiros é uma melhor
qualidade naprestação de serviços e satisfação
dos usuários de arquivos e isso é o que importa!
A participação do usuário no
processo de recuperação da informação
é de vital importância, pois os custos ao
ignorar o usuário no momento em que se vai
criar os mecanismos de busca da informação
são, às vezes, altos, visto que os usuários insatisfeitos
podem resistir ao uso do sistema, ou usá-lo de maneira diferente
daquela para aqual foi originalmente projetado,
ou ainda nem utilizá-lo.
Busca-se nesse novo
modelo fazer um estudo do usuário da informação
de forma mais completa, procurando
compreender suas motivações, seus anseios, analisando
o que leva o indivíduo a procurar
determinada informação.
O usuário, nessa abordagem, é visto como o foco dos estudos, não de uma forma grupal,
como na abordagem tradicional
onde o “arquivista” analisava, por exemplo, grupos de estudantes,
cientistas etc. Aqui,
o arquivista, enquanto profissional da informação, tem uma visão
diferenciada do usuário, por isso a sua análise contempla o
sujeito na sua individualidade.
Nesse contexto, o arquivista de hoje precisa entender
que a informação registrada serve
não só para ficararquivada, mas antes, que ela deve
estar disponível para o
usuário real e potencial. Portanto,
é necessário que tenhamos uma visão
mais ampla para nos desprendermos do paradigma do acervo para o paradigma da informação e assim,
estabelecer uma política de
recuperação da informação
que contemple o usuário e não o sistema.
Desenvolver esse novo paradigma focado
no usuário é um desafio para os
profissionais da área, na medida em
que exige maior esforço e percepção por parte
do profissional das reais necessidades do usuário. No
entanto, se pretendemos prestar
um bom serviço ao cliente, torna-se necessário a efetivação dessa nova abordagem para, ao
menos, reduzir as incertezas no momento da busca e assim
obter uma melhor qualidade
nos serviços prestados.
Baseado
no texto de Sueli Mara Soares, Novos paradigmas
e novos usuários da informação.
Fonte: AARGS